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Nossa história
Como um mosteiro fundado na Alemanha em 1140 acabou transferido para o Brasil
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A história da Abadia de Hardehausen começa no dia 28 de maio de 1140, quando uma colônia de monges, chefiada por seu abade Daniel, funda um novo mosteiro em terras doadas pelo bispo Bernardo de Paderborn. Este bispo piedoso deseja ter, em sua diocese, uma abadia cisterciense e, por isso, pediu à Abadia de Kamp, a primeira da Ordem fundada na Alemanha e pertencente à filiação de Morimond, a quarta filha de Cister, que enviasse monges para a fundação. O lugar escolhido chamava-se Herswitehusen, nome que depois evolui para Hardehausen e significava, segundo a explicação dos estudiosos, "Colônia da Floresta Vermelha" ou da "Floresta do Cavalo". Posteriormente o bispo Bernardo dotou a Abadia de outros bens para assegurar sua manutenção. Em 1165, a igreja abacial foi consagrada e dedicada a Sancta Maria Virgo Gloriosa. Era uma majestosa e ampla basílica românica de 58 metros de cumprimento por doze de largura. A Abadia de Hardehausen experimentou, desde então, um rápido crescimento tanto no seu efetivo humano quanto na extensão de seu patrimônio fundiário. Fundou logo três outras abadias, Marienfeld, na diocese de Münster, em 1185, Bredelar, na fronteira entre as dioceses de Colônia e Paderborn, em 1196 e Scharnebeck, na diocese de Verden/Aller, em 1243. Mais tarde, também, o priorado de Wahlhausen, na diocese de Mainz, esteve subordinado a Hardehausen.
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Em meados do século XIV, por dificuldades econômicas, o número de monges foi limitado a quarenta e o de irmãos conversos a trezentos, o que deixa supor que a comunidade monástica tenha tido um efetivo ainda maior nos períodos antecedentes. No plano patrimonial, Hardehausen tornou-se uma casa poderosa, um mosteiro imperial independente, sendo seus abades verdadeiros senhores feudais, com direito de baixa justiça sobre diversas localidades que estavam sob seu domínio. Ainda que este tipo de desenvolvimento não estivesse de acordo com a primitiva legislação cisterciense, foi comum nos mosteiros da Ordem após o século XII. Todavia, como casa rica e poderosa, Hardehausen foi alvo, mais de uma vez, de pilhagens por parte de bandos armados durante a Idade Média. A partir do século XIV, inicia-se a decadência material e da disciplina, alternada com períodos de florescimento e estabilidade. O período mais difícil de Hardehausen, na sua primeira fase, talvez tenha sido o da Guerra dos Trinta Anos, que devastou a Alemanha. O mosteiro ficou quase pereceu nessa época e os danos materiais foram imensos, devendo a comunidade vagar por um tempo fora de seu convento. No fim das hostilidades, a comunidade estava reduzida a seis monges e dois noviços. Contudo, os trabalhos de reconstrução logo começaram e tiveram seu coroamento sob o governo do abade Estêvão Overgaer, homem de verdadeiro espírito religioso , que foi abade de 1675 a 1713, quando faleceu com 86 anos. Em seu abaciado, o mosteiro foi inteiramente renovado (e a igreja “barroquizada”) e a observância monástica recolocada num plano superior. A abadia sobreviveu, ainda, algumas décadas, até que foi supressa no dia 8 de fevereiro de 1803 pelo governo da Prússia, em cujo território encontrava-se então. A comunidade contava com cerca de vinte membros nesta oportunidade. Em seguida à secularização, o prédio do convento foi vendido, seus bens inventariados e expropriados.A grande basílica românica, já barroquizada, foi demolida, existindo, ainda hoje, em outras igrejas da região, altares e outras peças de talha que a decoravam. Embora haja dúvidas a respeito, de acordo com as informações disponíveis, na primeira fase de sua existência, Hardehausen foi governada por cinqüenta e seis abades.
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A fundação em Itatinga, ocorreu no dia 28 de maio de 1951, significativamente a mesma data da fundação na Alemanha em 1140 e da restauração em 1927. A solene procissão, que reuniu o convento, isto é, apenas um grupo remanescente da antiga comunidade de Hardehausen, e os paroquianos, saiu da praça da matriz, tendo à frente a cruz de madeira a ser fincada no local da fundação, onde foi celebrada a santa missa. Mais tarde, no dia 16 de agosto do mesmo ano, foi lançada a pedra fundamental, com a presença do Sr. Governador, Lucas Nogueira Garcez, que se considerava o padrinho da fundação. Em 1955 foi possível inaugurar o prédio do Mosteiro, simples e de proporções reduzidas, se comparado a outros mosteiros mais antigos, mas extremamente harmonioso, sólido e de singela beleza, com todos as condições para a vida regular. Durante os anos da construção a comunidade habitou a casa da chácara adquirida da família Linheira, atualmente hospedaria e denominada Casa São Libório.
A fundação da nova Abadia em Itatinga foi obra de um acaso providencial. Encontrando-se D. Atanásio Merkle, abade do mosteiro cisterciense de Itaporanga, com o novo bispo de Botucatu, D. Henrique Golland Trindade, por ocasião de uma viagem, narrou-lhe o desejo de D. Afonso de encontrar um novo lar para sua comunidade dispersa. Imediatamente, D. Henrique interessou-se pelo projeto e prontificou-se a ajudar, prestando todo auxílio possível e oferecendo a paróquia de Itatinga como ponto de apoio para a fundação cisterciense em sua diocese. Aceitando a generosa oferta, D. Afonso, então radicado em Mairinque, Estado de São Paulo, adquiriu uma pequena propriedade rural próxima à cidade de Itatinga, com recursos fornecidos pelo Sr. Antonio Assumpção, o grande benfeitor do início da fundação, que foi aumentada com uma significativa doação de terras do Sr. Pedro di Piero e de mais dez alqueires ofertados pela prefeitura. Graças a esses e muitos outros donativos, foi possível criar as condições materiais para a fundação, apoiada generosa e maciçamente pela população católica de Itatinga, tendo à frente o então prefeito André Franzollin e o Sr. José di Piero, sem excluir os mais pobres, e, ainda, por numerosos benfeitores, sobretudo da cidade de São Paulo. A todos esses amigos dos primórdios, muitos com os nomes registrados em nossa crônica e outros anônimos, a Abadia sente-se devedora de um tributo de gratidão, deles sempre se recordando em suas orações e celebrações litúrgicas.
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Da correspondência de D. Afonso Heun:
Agora o abade cumpriu seu voto silencioso: os monges têm uma casa nova e bonita.
Durante uma visita a Itatinga, o Abade Vitus escreveu:
"Tenho que dizer a ele que fiquei surpreso com o que você fez:
uma bela casa, um claustro, pequeno, mas de forma nobre: a igreja é uma caixinha de jóias."
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